Não sofras por sua ausência.
Quando o outro não quer responder,
Dá no mesmo que se encontre em um
Oceano lunar, ou que a teu lado,
Ensimesmado em seu mutismo, tenhas
O corpo onde habita. Se percute
Seu silêncio, e persevera na distância,
Dará igual que o submetas ao encanto
de teu leito compartilhado; respirarás
somente sua distância, por mais que
os sentidos simulem o contrário.
Deixa, pois, que as medidas sejam
da alma patrimônio, e sente assim
um descanso infinito, onde o amor
desnuda suas provas e soçobros
e aparece em superfícies ou relevos,
fiel a esse olhar que à ausência
desestima.
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