quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O TODO-EU

Minha necessidade de ser todos se extremava. Minha necessidade de completude ía ao extremo. Como um moderno, não tenho lar que me acolha. Acolhe-me em partes: sou muitas partes. Cada lar acolhe um eu meu. Nunca estou completo, um outro eu se anseia, faltante. De um grupo a outro me desloco. Nunca satisfeito, apenas uma sensação efêmera de completude que durará um dia. E a busca não cessa. Sou um buscador/somos buscadores, eu e meus diversos eus: o espiritualista, o intelectual, o dançarino-corporal, o cantor-musical, o prático braçal (talvez o mais tímido), o afetivo-familiar, o esteta. Todos eles como ângulos/partes de uma esfera chamada todo-eu. Esta esfera gira intermitente; quando pára um tanto é porque se iludiu com a sensação de completude; logo tornará a girar para alimentar os outros eus. De certo o eu intelectual seja o mais faminto destes eus, o que mais alimenta a minha "essência".

terça-feira, 26 de agosto de 2008

OCUPAÇÃO DA REITORIA

É esclarecedor o texto deste editorial de 19/05/2008 sobre a “falsa disjunção entre controle e autonomia” das universidades paulistas, apresentando as medidas do governador Serra justificáveis como “exigências legais” e “transparência desejável”. No entanto, a ocupação da reitoria da USP não tem esta “disjunção entre controle e autonomia” como ponto nuclear, mas justamente a “revitalização do papel cultural e social da USP”. A reivindicação dos estudantes não se compõe de “uma pauta interminável”, mas de condições básicas de vida universitária: moradia estudantil adequada, mais professores para ministrar aulas com qualidade e manutenção do espaço físico do IME (Instituto de Matemática) e da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).

Texto para a Coluna do leitor de "O Estado de São Paulo"