segunda-feira, 27 de outubro de 2008

FECHADO

Desce poderosa a ameaça

de impedir as sem-razões

e oprimir o desconcerto

imprescindível. Cala o sonho

e uma voz, que impaciente se adivinha,

distorce a prisão. Não é verdade

que renuncies para sempre a tua ansiada

primavera. Não é possível que os anos

sacrifiquem esse instante imperecível

que voa. Não é razão essa quimera.

Não consinta o tempo dar-lhe o cetro

nem a espada. Espanta sua cor

e seu ditado. Torna mudos os sons

da terra cobiçando as raízes.

Azeda a semente e a aprisiona

com gélida petrificação. Roça o fogo

e já o apaga. Vem ver-te

e cruel te atira à paixão que te aprisiona,

ao olhar que recebe o mundo e o rechaça,

à palavra que é um castelo, e não pousada

nem varanda. Oh! Fechado ao mundo estás.

Qual silêncio te perdoa

si és voz e em mudo alento

transformaste tua existência?

4 comentários:

Bugre disse...

Não que esteja reclamando de suas traduções, mas não tive tempo de ler o livro todo, cheguei até a metade. Tempo talvez seja uma desculpa vil, talvez tenha dado prioridade a outros assuntos mais mundanos, mas, enfim...
Sugestão: Por que vc não põe os textos num arranjo bilíngüe?
Abraço.

Verônica disse...

Humm... esse poema me disse coisas, mas estava achando que era você que o tinha escrito... De qualquer forma, belo...

Ali disse...

Oi Rodrigo,
estou visitando teu blog pra retribuir o recadinho que deixaste no meu!
Sinto muito, mas ainda nao tinha visto o comentario que me mandaste ate hoje...
Vou explorar as poesias e traducoes aos poucos!
Um abraco,
Ali

Cloreto de Sódio disse...

Olá, Rodrigo. De vez em quando passo por aqui!
Um forte abraço de saudade!
JL