Comentários: franzrosa@hotmail.com Rodrigo Rosa Grupo de Leitura de poesia Que coordeno: www.voxalta.blogspot.com Projetos em andamento: . Finalizaçao de livro de poesia . Traduçao de: El alma oblicua, de Vicente Cervera Salinas (Espanha) . Peça de Teatro sobre patrimônio de Sto amaro
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Campos do Jordão e o imaginário da classe média
Campos do Jordão provê/alimenta/esgota o imaginário de felicidade da classe média da região sudeste. As coisas e a realidade não são; nunca são; mas são construídas pelo imaginário.
As casas que, supostamente, fazem referência à arquitetura de alguma parte da suíça (duvido que de toda, se é que faz), alemã ou sei lá o que, alimentam o imaginário de estar na “Europa” (que Europa? Não se pode generalizar –ah, a da elite francesa ou suíça (?)). Há cargas semânticas deste imaginário espalhados por ali e aqui, vou dizer onde.
As baixas temperaturas, algumas centenas de árvores européias (um adjetivo que não designa nada) estão distribuídas pela cidade. Além disso, os bens de consumo estão potencializados nos comércios locais. Casas suntuosas, automóveis de alta tecnologia, roupas de grife, restaurantes requintados somados ao clima “europeu” proporcionado pela vegetação de montanha compõem o imaginário de felicidade da classe média (também não diz nada, é uma superstição) consumista. Gente ‘bonita” e “bem vestida” (não aos meus olhos) completam este cenário.
Este imaginário de felicidade está farto das desgastadas imagens realistas:simetria, padrão de beleza relacionado aos gostos da classe dominante (quem são estes?). Imagens, meras imagens vazias de sentido cultural e humano. Imaginário coletivo pobre, assentado na imagem visual, a forma mais primitiva de reconhecimento do outro e de si mesmo (Rita Khell). Imaginário destituído de reflexão histórica, de consciência de classe, e principalmente de refinamento estético.
Enfim, Campos do Jordão é tudo do que há de mais monótono e persuasivo da sociedade de consum
Ah, sim, algo interessante: o museu Felícia Leiner, que está ao lado da principal sala de concerto (Auditorio Claudio Santoro) . É o mais belo museu que já vi: ao ar livre, esculturas da artista Felícia Leiner distribuídas por um bosque com antiqüíssimas araucárias. Essas esculturas são uma afronta à pobreza de Campos, pois propõem uma estética inovadora, instiga à dúvida e à reflexão do olhar. Em um domingo movimentado, não é surpresa, o museu estava vazio.
Agasalhar-se no frio diante da beleza natural de Campos, deleitar o paladar com uma saborosa comida e um bom vinho, são delícias inigualáveis para quem pode (ou para quem ousou arrombar o próprio saldo - o meu caso). Essas experiências, até instintivas, são deleitosas, mas disso transformar-se em um festival de consumismo esnobe e grosseiro, eu menosprezo! A banalidade e o emburrecimento, eu não posso suportar.
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Um comentário:
Rodrigo,
O que você escreveu não é bonito, nem vai manifestar risos nas mesas do mesmo vinho que te arrombou o saldo, eles não o entenderiam. E é exatamente por isso que o aplaudo e o felicito, pela sinceridade das palavras e sensibilidade em relação a este tipo grotesco de ser humano que teima em parecer sublime.
Abraços e continue postando...
William Rosa
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