terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

CUBA, AOS QUE NAO FORAM

Cuba se tornou um país excepcional, que reúne muitos paradoxos. Há duas moedas, uma que vale 24 vezes o valor da outra. Há dois comércios, o que vende em uma e o que vende em outra moeda. O da moeda mais forte possui os produtos importados, de melhor qualidade, mas também alguns básicos que costumam faltar no da moeda popular. A partir daí Cuba começou a dividir-se socialmente entre aqueles que podem disfrutar do mercado importado e os que não o podem. Maneiras de ascenção social: comerciar de alguma forma com a moeda mais forte, usada majoritariamente e a princípio pelos turistas - há todo um mercado de qualidade armado para estes. Outra maneira de ascenção é possuir um parente no exterior que lhe envie uns 50 dólares por mês, o que equivale a dois meses de trabalho em Cuba.



Estando aqui percebo que meu país é muito rico, abundante, mas também problemático. Em Cuba falta papel (higiênico, sulfite e guardanapos), sabão em pó e outros produtos, dependendo da época, mas não se passa fome, nem há criminalidade, tal qual a conhecemos (furtos há muitos, devidos às carências), nem mortalidade infantil, desnutrição, trabalho infantil. Isto presenciei com meus próprios olhos. Ao contrário, aqui o Estado é forte, o policiamento é respeitado e é fortíssimo - a cada esquina há um policial atento, olhando por dentro dos seus olhos. Há muitas escolas, muitas crianças indo a escola, todas uniformizadas, caminhando pela cidade para aulas práticas. Há muitos espaços públicos, praças e parques belamente conservados. Sobre os esportes nao é necessário falar, possuem amplos espaços e incentivos para as práticas.



A educação tem sua falha no que tange à ideologia, já que a revoluçao tornou-se um dogmatismo incontestável cheio de heróis. Mas de fato tiveram sua glória e sua integridade. Não conheci nunguém no interior que não trouxesse no coracão uma pureza virginal relativa à revoluçao e seus heróis. O militarismo também é altissonante e isto se vê pela potência atlética do país, por sua pontulaidade e corpos subservientes.



Quanto a questão cultural e artística, parece ser tão difícil como no resto da américa latina devido à tradiçao escravocrata e colonial, mas ouso dizer que Cuba está a frente de nosso país em participaçao e dedicaçao às artes. E eles têm mais tempo, se dedicam só à arte, e nãoo sofrem a opressão que sofremos do consumismo.



Com respeito às classes sociais, estar no interior de Cuba de certa forma é como se estivesse em uma sociedade latino-americana no início da sociedade de consumo. O chuveiro elétrico ainda é privilégio de poucos e os automóveis também - carroças, charretes e bicicletas abundam. O desejo humano de ser melhor que o outro, de ser superior ao outro aqui é assumido por alguns signos: o ouro nos dentes, colares e orelhas é usado por todos os "níveis" culturais; as roupas de "grife" são usadas pelos mais desinformados, além do gosto por eletroeletrônicos e enfeites da china.



Por fim, somos latinoamericanos e 50 anos de "igualdade" e educação massiva não poderiam nos tirar do deserto letrado que nos encontrávamos; por isso, não econtrei a tradição artística e cultural que imaginava.

Um comentário:

Bugre disse...

Bem legal os textos.
Essa sua viagem me fez ler bastante coisa, e me inspirou a escrever um pouco sobre Cuba. Dá uma olhada no blog.